domingo, 12 de maio de 2013

A Maternidade como expressão do Sagrado e do Cuidado em nossas vidas


 


O dia das Mães é uma data muito especial: é o dia em que reverenciamos aquela que nos gerou em seu ventre e nos trouxe à vida. É o dia em que podemos olhar para todas as mães e reconhecer, nelas, a mediação entre o Deus e o ser humano. Se Deus cria, é a mulher que acolhe a semente da criação em seu ser, trazendo-a ao mundo. É o dia também que podemos ser gratos pelo dom de estarmos vivos. Daí a importância do princípio bíblico que nos orienta “honrar pai e mãe”, independente de cada pai e mãe. Afinal, sem eles, não receberíamos o dom da vida.
Apesar de tamanha importância, seu sentido vem sendo banalizado. Pensamos mais nos presentes e festa que a sociedade capitalista nos impõe, do que propriamente no sentido desta relação. O capitalismo tem esta característica: colocar todas as relações dentro de grande mercado global, mediado sempre pelo dinheiro e lucro.
Aliás, é este sistema também nos traz outros prejuízos: colocar o dinheiro e o lucro no centro da vida, e colocar o ser humano à margem. Rompeu-se com a visão sagrada da vida, que nossos ancestrais possuíam. Se a vida não é sagrada – pensamos -, não precisamos ter cuidado com nada. Tudo o que está aí existe para ser usado, para ser explorado. E assim, com a perda destes princípios – do sagrado e do cuidado -, perdemos o sentido da importância das mães, o sentido da importância do cuidado com a Terra e todas as formas de vida. Mas as mães são as guardiãs do cuidado e do sagrado.
Nas sociedades antigas, onde a dimensão de sagrado e de cuidado eram princípios fundamentais, a mulher era muito respeitada e reverenciada, por ser esta guardiã da vida. Por isso, também, as civilizações antiga aprenderam a reverenciar a Terra, este planeta onde vivemos, como uma mulher fértil e reprodutora, como um princípio feminino. “Pacha Mama” ou “Mãe Terra” é a deusa dos povos máxima dos povos andinos (Peru, Bolívia, parte da Argentina e Chile). É a deusa que produz abundantemente e que possibilita a vida de tudo o que existe. “Gaia” para os povos gregos, também é a deusa da Terra, a “Mãe Terra”.
Com a Modernidade, perdemos estes sentidos. Vivemos em uma crise de relações, nunca antes vista. Perdemos a dimensão de cuidado, conosco mesmo, com o outro, com nossos pais, com a natureza, com a Terra, com aqueles que precisam. Com isso, não sabemos quem somos e como nos relacionamos numa dada relação. Desvalorizamos os pais, os professores, a Terra, as fontes sagradas da vida. Estamos adoecendo, aprendendo a ser violentos, perdendo o sentido das coisas.
Nossa tarefa neste momento é bem desafiante. Precisamos deixar os presentes e as festas de lado, e pensarmos nestes sentidos perdidos. Os antigos aprenderam a abençoar os filhos. Os filhos, por sua vez, pediam a bênção aos pais. Tal prática, tão desvalorizada, tinha uma força espiritual incrível. Os pais, ao abençoarem, colocavam-se como os mediadores entre Deus e o humano. Traziam a força desta presença sagrada em suas palavras. Os filhos, ao pedi-las, invocavam a presença divina através dos pais. Um elo espiritual muito forte ligava pais e filhos, numa relação sagrada de cuidado. Mas achamos que isto era antigo, era “cafona”, era desnecessário. Quisemos uma relação mais moderna, de pais e filhos que são colegas, que são próximos, que são iguais. E deixamos de lado uma prática ancestral espiritual muito poderosa.
O que há de mais importante no mundo de hoje, marcado por tantas contradições, ameaças, perigos e violências, do que uma bênção, um “bendizer” espiritual, um desejo benigno para outra pessoa, a invocação do amor de Deus, palavra esta que nos recorda a importância do que somos e de onde viemos?
Repensar nosso modo de ser e de se relacionar, voltar a reverenciar a mãe, a Terra, a natureza e todas as relações sagradas, é o presente que desejamos a cada mãe, e a cada pessoa, neste dia tão especial!

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