Tendo em vista a crise ambiental que a humanidade atravessa, de
proporções únicas, a Educação Ambiental tem emergido no cenário educacional
como uma urgência e um imperativo. Não se pode mais falar em Educação sem que
se fale em
Educação Ambiental.
Contudo, por ser uma temática ainda emergente, é entendida como especialidade ou tem sido trabalhada como eixo transversal quase imperceptível em meio a outras temáticas, projeto pontual no ano letivo. Outro problema sério é que a Educação Ambiental muitas vezes desponta de forma não crítica, em ações pontuais, normativas e mecanicistas, e mesmo comportamentalistas, sem uma reflexão prévia de suas premissas, sem uma clareza de suas bases conceituais e político-pedagógicas. É nesta perspectiva que nasce esta reflexão.
Contudo, por ser uma temática ainda emergente, é entendida como especialidade ou tem sido trabalhada como eixo transversal quase imperceptível em meio a outras temáticas, projeto pontual no ano letivo. Outro problema sério é que a Educação Ambiental muitas vezes desponta de forma não crítica, em ações pontuais, normativas e mecanicistas, e mesmo comportamentalistas, sem uma reflexão prévia de suas premissas, sem uma clareza de suas bases conceituais e político-pedagógicas. É nesta perspectiva que nasce esta reflexão.
Uma Educação Ambiental é uma especialidade que trata das questões relacionadas ao meio ambiente? Uma Educação Ambiental é um conjunto de práticas como o plantio de mudas de árvores e a coleta seletiva do lixo? Você sabe o que é uma Educação Ambiental? Por que, para que e como devemos fazê-la? A melhor forma de compreender as questões é aprender a fazer perguntas sobre aquilo que normalmente não se faz e a “escarafunchar” as afirmações que temos como verdadeiras.
Estamos vivendo um tempo de grandes desafios. Ao lado das grandes crises que nos acompanham – falta de ética na política, violência epidêmica atravessando todas as relações, o desmantelamento do Estado de bem-estar social, a desigualdade estrutural da humanidade, entre outras – cresce uma crise ambiental em escala planetária, sentida em todo o mundo através de fenômenos climáticos, às vezes de proporções catastróficas. Neste contexto somos todos convocados a pensar na Educação Ambiental. Mas para fazermos algo realmente novo, precisamos pensar nas suas premissas.
A Educação Ambiental, como
se costuma pensar, não é uma disciplina, nem uma especialidade e nem apenas um
saber sobre uma natureza que existe isolada e fora de nós. É uma epistemologia
ou uma nova forma de se elaborar o todo o conhecimento e os saberes,
levando em conta as relações entre tudo o que existe: ser humano consigo mesmo,
com os outros, com os outros seres, outras culturas, com a natureza, com o
planeta. Não existe nada fora de nós que não faça parte mesmo de nós. Assim,
toda a Educação deve ser Educação Ambiental.
"A
Educação Ambiental é uma nova forma de se elaborar todo o conhecimento e os
saberes, levando em conta as relações entre tudo o que existe e as
consequências éticas disto".
Trabalhar a Educação Ambiental, pois, com uma nova
lógica, significa o desafio de trabalharmos a vida em suas múltiplas
manifestações e buscarmos restabelecer laços e relações onde eles foram
rompidos e adoecidos. Por exemplo, o que pode significar a uma criança, vítima
de violência familiar, o plantio de uma muda de árvore que precisa ser amada,
se sua própria vida não é cuidada e se ele mesmo não sente a emoção de ser
amado? Uma Educação Ambiental comprometida com a amorosidade das relações da
vida, em todos os âmbitos, precisa despertar nesta criança o amor próprio, a
auto-estima, através da aceitação e do respeito pelos seus educadores e
colegas.
Passeio visitando a vegetação ao redor da Creche |
Segundo Humberto Maturana, biólogo do conhecimento, aprendermos a aceitar e respeitar todas as formas de vida que nos cercam se aprendemos a aceitar e a respeitar a nós mesmos. Mas ninguém aprende isso teoricamente. Aprendemos a nos aceitar e a nos respeitar à medida que somos aceitos e respeitados pelos outros.
Para transformarmos o padrão relacional do ser humano
para consigo mesmo, para com o outro, para com as outras formas de vida e de
cultura e para com a natureza precisamos trabalhar a qualidade dos
relacionamentos nos espaços e relações cotidianas. Ninguém aprende a amar
recebendo aulas sobre o amor. Ninguém aprender a amar a natureza de forma
prescritiva, através de manuais de conduta. Antes de sermos seres racionais,
somos seres emocionais. É no âmbito da emoção e do cuidado que precisamos ser
alfabetizados em outras maneiras de nos relacionar, baseadas no amor, no
respeito à diferença, na admiração diante de todas as formas de Vida.
Se você, educador, ainda não tinha pensado a Educação
Ambiental desta forma, pense que uma educação ambiental é toda forma de
educação que inclui também o ambiente, a natureza e o planeta, não como
objetos, mas como sujeitos que foram excluídos de um modelo de sociedade e
pelos quais precisamos resgatar toda nossa reverência.
Maristela Barenco (Diretora Pedagógica CCSB)
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